20 setembro, 2017

Bodas de Lã


A vida tem fluido e um conjunto de mini decisões se têm tomado.
 
Ontem, no dia em que celebrámos o aniversário de casamento foi nos dada a chave da nossa nova casa.
 
O início do que desejamos ser em tudo igual, mas com mais espaço para brincar, viver e criar memórias felizes.
 
Podíamos ter escolhido outra, com outras características, outra identidade. Não foi a única possibilidade, foi o resultado de uma decisão pensada que só o tempo nos dirá se foi acertada ou não.
 
Ontem, não resisti a ir mostrar a casa às meninas. A C entrou entusiasmada como que gostando mesmo antes de ver; a L entrou ao colo, demorou a sentir segurança mas ao fim de algum tempo, correu na sala a rir e a fazer tontices em jeito de aprovação.
 
Estamos em limpeza e pinturas – e assim estaremos nos próximos dias. Só não podemos ir a uma varanda que tem uma pomba e dois pombinhos acabados de nascer que ali se irão preparar para voar.
 
 
No dia de hoje, do outro lado do oceano, ocorre um sismo trágico onde estávamos a chegar há precisamente 7 anos.
Instala-se dentro de mim um vazio e uma gratidão que se ligam de forma inexplicável. Há coisas terríveis que acontecem e a única coisa que está ao nosso alcance é praticar o bem, ensinar, rezar e agradecer.

04 setembro, 2017

Serenidade

Há momentos que devem ser construtores da nossa história e da nossa identidade.

Nem sempre o reconhecimento vem na hora que queremos nem com o formato que desejamos. Devemos, na minha opinião, ser humildes no relacionamento com os outros, perseverantes, coerentes com os passos que damos e consistentes nas nossas atitudes.

Não conseguimos - nem devemos querer - agradar a todos.

Se formos fiéis a nós próprios, os outros vão gostar de nós assim, com as qualidades e defeitos que temos. Quando os outros são as pessoas certas vão gostar daquilo que são as nossas características intrínsecas.

Há pessoas que me inspiram pelo seu exemplo, rigor, discrição, sentido de inclusão, olhar, gratidão e fé.

Há pessoas que tornam momentos circunstanciais em momentos que nos preenchem a alma. Este Setembro começou assim.
 

25 agosto, 2017

Do nosso Agosto

"O nosso templo é o aqui e o agora. É aqui que eu posso pôr os pés no chão, encontrar uma pessoa e olhá-la, receber o Espírito, abstrair-me do que não interessa. Por isso é que a oração descansa imenso. (...) E por isso não se pode rezar como quem liga um botão, uma máquina, porque por vezes estamos ofegantes. Precisamos fechar os olhos, tomar consciência de onde estamos, respirar fundo, procurar o objetivo. E ai a conversa acontece. Tal como a conversa de duas pessoas, com ritmo."
Pe. Vasco Pinto Magalhães. 



29 julho, 2017

Duas semanas: here we go!

Começo as férias 'hoje' e apenas estou moderadamente contente 

Neste últimos dias não fui tão produtiva quanto gostaria, tive muitas arrelias, preocupações e o corpo sente o desgaste que isto causou. Por outro lado demos um passo grande, desejado há cerca de 2 anos e que precisou deste tempo precioso para amadurecer ideias e decisões.

Nestas férias desejo muito encontrar-me comigo. 

Estar em família, usufruir da minha companhia, ter paciência com as meninas e com eventuais birras que irão surgir, vê-las crescer e apreciar todos os minutos.

Ir à praia sem pressas, sem pensar em compromissos, ouvir música que me tranquilize, passear, planear a mudança que aí vem e estar. Estar demoradamente.

Sinto uma necessidade urgente de contrariar o ritmo a que fazemos tudo.

Sinto necessidade de me recolher, de abraçar, de rir e de rezar para que tudo corra bem. 

20 julho, 2017

Domingos especiais

O nome da minha filha Carminho não foi escolhido por ter uma devoção especial a Nossa Senhora mas poderia ter sido.
Gostamos de nomes clássicos, achamos Maria do Carmo um nome lindo e doce que condiz perfeitamente com a nossa menina.

Desde que ela nasceu, e com o passar do tempo, o dia 16 de Julho foi-se tornando mais cativante. Ora pelas Eucaristias em que participamos, ora pelos desafios espirituais que nos são feitos.
Este ano, decidi colocar o escapulário, aceitando o desafio da Paróquia de Almada e do Instituto Hesed.

Na manhã de Domingo, várias coincidências boas se juntaram:  

- uma mensagem de uma amiga especial - que perguntou se as minhas filhas também o iriam colocar;  
- o facto de ter um escapulário adquirido na formação da semana anterior
- e três escapulários oferecidos por uma amiga também especial, quando a Carminho foi Baptizada.

Os 4 dissemos SIM! Numa Eucaristia com a exigência normal de duas crianças pequeninas a querer brincar e a existência de um parque ao lado da Igreja - onde nunca tinham estado...

A Carminho foi a primeira, eu e a Nô as segundas e o J. o terceiro.

Foi emocionante ver a elegância da minha menina, cada vez mais crescida, a ajoelhar-se, a receber o fio e a ouvir com tanta atenção a oração do Sacerdote. A Nô percebeu menos, manifestou-se mais e continuou a querer explorar o mundo :)

Procurei este momento com o coração e sei ser entendido só à luz da fé e vivido em comunidade. Quero tê-lo para sempre na memória..

♥ 


16 junho, 2017

Adeus varicela

Desde 20 de Maio que estávamos mais resguardados em casa... ora com a Carminho com varicela, ora a tentar não apanhar frio ora a tentar compensar tanto incómodo, ora com a Leonor com varicela e a desdobrarmo-nos em mimos e em trabalho.
Foram semanas de desconforto mas há meses que me andava a preparar para isto. Já tantos amiguinhos tiveram que acho que estamos quase perante um surto.
É curioso ver que se manifesta de forma diferente. A Carminho acordou num sábado com um borbulha cheia de líquido no pescoço. Não tive dúvidas. Os primeiros dois dias as borbulhas foram nascendo de forma aleatória, no terceiro e quarto dia foi muito mau. Dormiu parte das noites ao meu colo, tinha comichão e dor, estava triste e queria tomar banho muitas vezes (gastámos um pacote de maisena J). Depois foi passando..
A Leonor teve sinais cerca de 15 dias depois. Ligaram da escola e quando vi já tinhas várias pintinhas com líquido.
Foi mais suave do que a mana mas teve febre e o período de convalesça foi maior.
A farinha maisena acalmava a comichão e o desconforto mas também recorremos ao Benuron, Atarax e ao Pruriced da Uriage (tudo por indicação médica). O Brufen não pode ser tomado.
No sábado (e ainda com algumas marcas) fomos passear. Estivemos os 4 numa esplanada agradável a comer petiscos e ainda nos fomos deliciar com um gelado maravilhoso aqui. É incomparável estar com as crianças mas também tenho saudades de quando os petiscos eram regulares e entre amigos, com mais leveza e menos tempo contado. Acredito que quando conseguirem estar sentadas mais de uma hora isso volte a ser mais fácil J
E o Junho já vai a meio... Não podemos ir mais devagarinho...?

31 maio, 2017

O Bolinha Estranha

No meio da agitação dos dias são as crianças que me fazem parar e sentir a leveza de não ter compromissos, o entusiasmo das primeiras vezes, a alegria do desconhecido.

A Carminho fez uma peça de teatro há dias e ficou tão entusiasmada que me transportou - sem saber - para os meus dias de criança, a escola primária, as primeiras visitas de estudo.
Eu entusiasmada fiquei e fui comprar pinturas, asas de borboleta e a roupa pedida.
Nos dias que antecederam ela ia-se preparando pela casa fora: “Tens quatro patas, podias ser uma vaca!”. Ao mesmo tempo dizia, mãe, mãe, agora sou o Bolinha Estranha.

Lembrei-me dos meus tempos de escola, da primeira vez que fui ao Teatro, mesmo ao lado da Escola Primária Conde Ferreira. Lembro-me dos meus pais que me iam ver no recreio e levar o lanche. 
Sinto a forma como estas memórias preenchem o meu coração e questiono-me de que forma conseguirei ter esta proximidade e acompanhar as meninas como desejo.
Recebi fotografias durante o dia e penso como as tecnologias também podem criar uma nova dinâmica e fazer-nos sentir mais perto. Hoje foi outra vez dia de teatro.

23 abril, 2017

4º Aniversário da Carminho

Ontem foi dia de festa - a Carminho fez 4 anos e reunimos a família mais próxima e alguns amigos para celebrar.
 
Foi a primeira vez que alugámos um espaço e percebi que a logística que tudo isto implica é mesmo exigente: para um cuidar das crianças, outro tem de se desmultiplicar em 1000 tarefas.

De manhã senti-me apreensiva pela cansaço e por sentir que num dia tão especial, não estava a aproveitar nada a minha filha. Ao final do dia estava rendida. Ela esteve feliz, divertiu-se e eu senti-me de missão cumprida. Que venham M U I T O S mais :)




29 março, 2017

Vimeiro

Rumamos para oeste na esperança de poder descontrair um bocadinho, de dar as boas vindas à primavera e de brincar ao ar livre.

Foi bom porque estivemos juntos, longe das rotinas domésticas e em contacto com a Natureza - mas não foi maravilhoso. 

Eu tinha de dar a mão à Carminho para ela não voar, a Leonor desafiou-nos todo o tempo - ora porque queria andar no chão (molhado) sem mão dada, queria correr nas descidas, mexer em tudo o que apresentava risco..

Dei por mim a pensar como será bom quando pudermos descansar a 4, recuperar baterias, estar sem ser a educar, a impor limites e fazer chamadas de atenção. Podermos apreciar uma refeição do princípio ao fim, conversarmos, sentir o meio envolvente sem a necessidade de sermos cuidadores a tempo inteiro.

Depois penso no cheiro a bebé que ainda têm; na forma como se aninham na nossa cama; como correm para nós quando as vamos buscar; a forma como comunicam, como dependem de nós  ... Tantas maravilhas que nos deixam o coração a sorrir. 

Cada tempo que nos é dado é precioso; apenas precisamos de equilíbrio para poder desfrutar. [Tão difícil que às vezes é.]



03 março, 2017

Quaresma e escolhas sensatas

Há três semanas fui a uma consulta de nutrição. Um pormenor ou outro que gostaria de mudar (porque nestas coisas da natureza gosto de agradecer muito e contestar pouco) e um desejo profundo de fazer boas escolhas lá em casa e assim ser uma boa influência. 

Saí da consulta com informação relevante a pôr em pratica (o que é bom) e com índice de massa gorda visceral acima do limite. É a gordura mais difícil de eliminar e a que potencialmente faz pior. Estou com 63kg e 1,65m - na minha pura gulodice achei que estaria tudo nos parâmetros normais. 

Resultado: tenho sido muito disciplinada e como iniciámos a Quaresma na 4ª feira, decidi renunciar ao açúcar nestes 40 dias. Só vou abrir excepções controladas em dias de festa e almoços especiais.
A propósito dos 4 cafés que bebo e em que punha meio pacote de açúcar em cada um, fiquei a saber que no último ano consumi 3,600 kg de açúcar - totalmente desnecessário..

(Imagem tirada da internet)

22 fevereiro, 2017

Igreja de São Nicolau

Cada vez estou mais atenta ao efeito que temos uns nos outros. Muitas vezes sem nos apercebermos, inspiramos ou influenciamos negativamente quem nos rodeia. (Não será isso razão suficiente para sermos cuidadosos no trato e procurarmos darmos sempre o melhor de nós?)
Há cerca de 8 anos, numa conversa ocasional, conheci uma rapariga jovem, talvez na altura com 20 anos, que me disse que ia todos os domingos à Missa - e que se não pudesse mesmo ir, sentia falta. Só comecei a compreender isto meses depois.
Apesar de a maior parte das pessoas que conheço e com quem privo serem católicas, na altura conhecia poucas pessoas que fossem regularmente à Missa. 
Lembro-me do que senti, da necessidade que foi crescendo em mim de ser coerente comigo mesma e em tudo o que de forma Providente foi sendo colocado no meu caminho.
Este fim de semana tive tantos compromissos que 48 horas não chegaram. Há sempre imprevistos, roupa a mais por tratar, programas que se querem manter, trabalhos para a creche das meninas, procura de equilíbrio e de coisas que só se fazem ao fim de semana. 
Às 22 horas de Domingo fui à Missa e lembrei-me da Catarina, cujo exemplo me inspirou. 

Só conheço esta Igreja com uma Missa tão tarde (e estava cheia de jovens, ao contrário de algumas Missas da manhã!). É muito bonita e imponente em plena Baixa e estava lá um coro belíssimo. 
Dou graças a Deus por todas as Catarinas da minha vida.

16 fevereiro, 2017

Dia 14 é um dia especial.

Não fomos trabalhar mas levámos as meninas à escola. Almoçamos num sítio querido onde já vamos há vários anos. Antes num estilo inglês, com madeiras escuras, com uma diversidade imensa de chás e muita qualidade; agora num estilo vintage, romântico, em conta, com refeições e com a mesma qualidade.
Para os meus pais, comprei 36 flores e pedi que fossem entregues na hora mais adequada.
Fomos ao cinema ver um filme leve - mas que também nos interpela sobre os nossos passos: diferentes escolhas levam-nos a diferentes realidades, umas mais desejadas outras menos. 
Cantámos os Parabéns em Família, num sítio que me viu crescer. Compramos balões em forma de coração para os nossos amores eternos. 
 
Fiz 34 anos e tive um dia muito simples e muito feliz.

08 fevereiro, 2017

É quando saimos da nossa zona de conforto que acontecem coisas

Há dias estive numa conferência com Laurinda Alves e agradeci cada minuto e toda a logística que implicou sair de casa, numa sexta-feira à noite, com chuva e muitas coisas por fazer.

Foi uma hora muito bem passada onde, partindo de experiências pessoais e de um sentido de humor sereno e envolvente, foram partilhadas algumas dicas de comportamento parental que embora sejam comummente aceites são como highlights no nosso dia.

Já não me recordo da totalidade nem sei se a ordem foi esta mas partilho algumas das ideias que retive e que achei úteis para incorporar nos nossos dias agitados em que nem sempre dá para olharmos com atenção para as consequências dos nossos movimentos.

✿ O telefone / tablet deve ser colocado de parte quando estamos em casa e apenas utilizado em situações estritamente necessárias. A comunicação entre pais e filhos faz-se de afectos e com atenção/dedicação. Quantas vezes não exageramos no uso das novas tecnologias?

...

Uma amigdalite e desta vez a impossibilidade de ficar em casa a cuidar dos meus tesouros.
Pela primeira vez (que me lembre!) estou a desejar que o tempo passe rápido e que venha o sol...

31 janeiro, 2017

'Não há luar como em Janeiro nem sol como o de Agosto'

Ao contrário das minhas boas intenções de conseguir um equilíbrio entre os meus horários laborais e os meus horários de final de tarde, voltei este mês a ter de fazer malabarismos para chegar a todo o lado.
As meninas cresceram muito. A Carminho está pertinho dos 4 anos e a Nô está com 1 ano e 5 meses.
A Leonor deixou o sling quando regressamos da creche, pede a mão da mana, faz fitas de se mandar para o chão quando lhe é negada alguma coisa, dá abracinhos com a maior ternura do mundo.
A Carminho é a mana doce e compreensiva, ajuda a Leonor no que ela precisa, chega-lhe as coisas, tira-lhe o casaco quando chegamos a casa, dá-lhe a provar gulodices que nós não lhe daríamos (e que normalmente negamos também à C).
Só na cama, nas várias noites que nos aconchegamos os 4, a Carminho não quer ficar ao lado da Leonor porque ela lhe puxa o cabelo :)
São queridas, meigas, amigas, parecidas fisicamente - diferentes no feitio - e este amor que nos une é infinitamente superior à exigência destes primeiros anos. 

 ❤


12 janeiro, 2017

Primeira semana de 2017

Procuro o bom no meio destes dias e encontro a serenidade, a doçura, o amor profundo, a relação entre mãe e filha que desejava que fosse para sempre com esta intensidade.
A bênção que é poder ficar em casa com um filho doente. Sim, escrevi mesmo isto e pensei como seriam os seus dias se não estivesse estado lá.
Certamente passariam bem, ela melhorava e tudo se passava de forma idêntica.
Na verdade, esta possibilidade de ficarmos em casa a dar assistência aos nossos filhos, em princípio sem consequências profissionais diretas, tem para mim muito valor.
Estive em casa com a Carminho 6 dias.
Ouvi-lhe a voz rouca, as palavras ditas de forma atabalhoada entre o nariz entupido, o mimo e a vontade de estar quieta, os pedidos de colo constantes, os abracinhos, as observações e as perguntas tão dela:

“Mãe, podes brincar um bocadinho com a mana para ela me deixar sossegada?”

A sesta era adiada mil vezes. Primeiro porque queria água. Depois porque queria um lenço. Depois a chucha. Depois tinha frio e queria mais roupa. Depois tinha o nariz a arder. Depois perguntava se não podia lhe dar mais xarope cor de laranja. Depois, afinal queria fazer xi-xi.

Num dos dias, à noite, perguntou-me:
"Mãe, onde está São José?"
"Está no céu" - disse-lhe sem perceber muito bem a pergunta.
Ela respondeu-me que não estava, que está no presépio. E de seguida: “Mentiste mãe?”

Tantas pequenas conversas que perdemos quando cada uma de nós está nos seus trabalhos.
A bênção que é poder ficar em casa com um filho doente ❤

04 janeiro, 2017

Bom ano novo

O que mais desejo para 2017 é saúde, paz, amor e trabalho (para mim, para os meus, para todos).
Ainda que pareça um lugar comum não me sinto bem em desejar mais do que estes bens simples mas tão, tão preciosos.
No entanto, e porque é tempo de ver as coisas com uma lufada de ar fresco, sinto um impulso para rever prioridades, estabelecer metas, delinear planos.
E neste 2017, vou procurar mais equilíbrio e maior compromisso comigo mesma. Com tudo o que isso implica e significa.
Votos de um ano tranquilo, feliz e generoso ❤