15 julho, 2018

Podemos aceitar as coisas como são ou...

Ficarmos sensibilizados com iniciativas sustentáveis é um bom começo, ainda que não seja suficiente.

Li este desafio para o mês de Julho e tenho procurado concretizá-lo no meu dia-a-dia. 

Já tinha alguns cuidados... ando com sacos recicláveis no carro (para as compras), utilizo sacos reutilizáveis para os lanches da escola, dispenso as tampas para as bebidas num bar do meu local de trabalho, compro legumes sem utilizar sacos sempre que possível, explico às minhas filhas que não devemos usar palhinhas – embora elas adorem beber iogurte com palhinha; durante alguns meses guardei caixinhas de plástico para as reutilizar numa festa de anos, em vez de ter de comprar, tenho tentado substituir os pratos e copos de plástico em situações onde seria muito mais fácil utilizá-los... 

O percurso é longo para considerar ter um estilo de vida ecológico.

Os sacos da fruta, dos legumes, os congelados, os iogurtes e um mundo de coisas embaladas que existem nos supermercados... 

As escolhas que fazemos têm consequências para a sustentabilidade do planeta e para o exemplo que damos aos mais novos. 

Fazer de determinada maneira porque nos faz sentido e não porque todos fazem é um desafio enorme que nos obriga a reflectir e nos desinstala, podendo se aplicar a todas as áreas da nossa vida. 



(Imagem copiada do pinterest)

26 junho, 2018

Simplificar


Há vários anos (mais de 15) li um livro que se chamava de A Arte da Simplicidade de Dominique Loreau. Lembro-me de ter feito muito sentido para mim, de já o ter relido e de o conservar junto daqueles livros que me têm acompanhado em diferentes fases da vida..

A tendência de viver devagar, o lixo zero, a pegada ecológica, o minimalismo, o armário cápsula e outros conceitos semelhantes estão cada vez mais presentes nas plataformas de comunicação.

São conceitos que nos devem inspirar a viver de forma mais simples e mais consciente, e  - ao contrário de outras tendências e modas que não me cativam - estes conceitos são na sua maioria, uma lufada de ar fresco interior.

Por essa razão, e porque sinto que as nossas vidas estão demasiado cheias de compromissos, expectativas, comparações e desafios, comprei um mini livro que me saltou à vista pela sua simplicidade (Simplificar - Brooke MCalary). 

Aborda a importância dos rituais, que nos ajudam a simplificar e a ficarmos mais leves; como fazer (mesmo) uma tarefa de cada vez; a importância de compensar a nossa vida digital com períodos em que estejamos desligados; o que podemos fazer para esvaziar a mente, a lista das três coisas e a gratidão. 
Tudo ferramentas que nos ajudam a abrandar, a respeitar mais os nossos ritmos biológicos e a estarmos mais atentos ao presente. Faz-me sentido. Já dizia Dominique Loreau, "num mundo de excessos simplificar a vida é enriquecê-la".

22 maio, 2018

Inquietações


Questiono-me sobre o que fazer para sentir a vida a passar mais devagar.
Para usufruir mais das 2/3 horas diárias que tenho as minhas filhas acordadas comigo.
Gerir melhor os tempos de espera, as horas de trabalho, a concentração, as pausas, as tarefas domésticas, o descanso.
Ao mesmo tempo que me tento reconstruir para viver a vida com atenção plena, tento também não ficar completamente desatualizada com o que se passa no mundo digital. Este mundo que mudou a forma como nos relacionamos com os outros e que nos aproxima e distancia num paradoxo cujas consequências são difíceis de prever.
Sinto-me um bocadinho mal resolvida com este tema, em particular com as redes sociais.
Por um lado gosto de aceder, de poder acompanhar amigos que raramente vejo, família tão distante e que me preenche tanto o coração. Mas onde estão os limites?
Que necessidade e sensação estranha é esta de “involuntariamente” acharmos que precisamos de estar sempre online?
Será que as histórias que lemos, os vídeos, as solicitações, opiniões, pedidos e afins não causam prejuízo ao nosso equilíbrio e bem estar emocional? Quantas vezes não mudamos de assunto sem que o nosso cérebro tenha assimilado minimamente o que despertou inicialmente a nossa atenção.
Sei que as vantagens destas redes são várias, muito em particular para quem tem serviços e produtos para oferecer. Mas acho importante que cada um avalie o tempo e a importância que cada um dá à forma como se relaciona com estas plataformas.
Quanto tempo por dia? O que perdemos enquanto estamos “ligados”? Que sensações nos provoca esta utilização? A quem e de que forma queremos chegar com a nossa presença online? Como nos sentimos a acompanhar as partilhas que lemos (dos nossos amigos e as que são patrocinadas)? Quando fazemos partilhas, temos expectativas para as mesmas?
O importante, definitivamente, é que cada um se sinta bem com as suas escolhas. Eu hoje escolhi eliminar a aplicação do Facebook do meu telemóvel. Uma decisão não planeada mas fruto do que tenho sentido nos últimos dias. Preciso de ocupar o meu tempo a caminho de casa de formas que já ocupei. Com mais leitura, com mais atenção aos outros, mais planeamento das horas seguintes e a olhar para o que me vai no coração.

20 fevereiro, 2018

Quaresma 2018

É preciso aprender a silenciar a mente e termos uma certa disciplina para não nos deixarmos levar pela corrente. Pelo consumismo característico dos dias de hoje, pela facilidade com que se fala da vida de um ou outro amigo, pela forma como somos absorvidos pelas redes sociais. O tempo que lá passamos e todos os estados de espírito que isso gera em nós.

.

A Quaresma é para os cristãos um tempo de excelência para este acolhimento interior.
Passei muitos anos da minha vida a passar pela quarta-feira de cinzas sem lhe perceber bem o significado. Apenas sabia que não se devia comer carne (...).

Para mim, que quase não como carne e até a dispenso não seria preciso nenhuma disciplina.

14 janeiro, 2018

Bem-vindo 2018 (com pequeno balanço)

As notificações do blog indicam-me que não escrevo há mais de 100 dias. Parece tanto e foi tão pouco. Os nossos dias sempre ocupados, a acompanhar o crescimento de duas meninas maravilhosas que nos enchem o coração mas também nos testam os limites, a paciência, nos obrigam a ser criativos, umas vezes permissivos, outras tantas limitadores. A educação, o mimo, as cedências, a motivação, as rotinas, a alimentação, as regras, as relações, a amizade, o amor. O amor.

Setembro
Mudámos de casa com tudo o que isso implica. Uma mudança para melhor em alguns aspetos, exigente noutros.

Outubro
Não dei pelo mês passar. Tive uma experiência de voluntariado que me marcou bastante na Comunidade Vida e Paz.
Estava ansiosa e expectante de que esta experiência despertasse em mim o cumprimento de um certo propósito.
Quando fui, senti um bocadinho de orgulho da ação que estava a tomar. E sentia (continuo a sentir) esta necessidade de dar mais aos outros.
Foi à noite e quando terminou a volta, eram próximo das 2h, eu estava com dores de cabeça, nas costas e uma grande vontade de chegar a casa. Mas estava feliz por ter chegado ali e identifiquei-me com o altruísmo das pessoas com quem me cruzei.
Os gestos, os olhares, os cheiros, os sítios. As arcadas que estão a ser fechadas com grades para afastar os sem abrigo, uma Igreja por onde dormitavam várias pessoas, um sem abrigo que urinava demasiado próximo dos outros que dormiam, um senhor que chamava de mãe a uma voluntária, dois ou três casais que se aconchegavam um no outro; alguns idosos, alguns cães, todos com um rosto e uma identidade. 120 ceias.
A noção de que existe a CVP a passar pelos sem abrigo com que me cruzo diariamente ajuda-me a serenar o coração.
A propósito de coração, foi ele que me conduziu à Comunidade e também foi ele que me disse que não é o momento certo para me disponibilizar para este compromisso.
A Instituição faz um trabalho notável e em Dezembro a RFM deu-lhe visibilidade com a Campanha “tenha um Natal a meias”.

Novembro
Procurei sintonizar-me mais com a minha essência. Nem sempre é fácil sermos fiéis a nós mesmos mas acho isso TÃO importante. Se vivemos com as expectativas e referências dos outros, por muito bem intencionadas que sejam, acabamos por não nos sentir completos. É importante conhecermo-nos bem - para melhor sabermos corresponder com as nossas necessidades. Este é um caminho sempre incompleto mas que procuro trilhar.

Dezembro
O mês de excelência para a família, para nos recolhermos.
Tive várias decisões a propósito desta época sendo a mais objetiva a redução de presentes. Muito haveria aqui a acrescentar. O que é o mais importante desta época? Onde investimos o nosso tempo? De que forma nos dedicamos aos outros durante todo o ano? Como vivemos as celebrações desta quadra? (...)

A Nô fez 2 anos e 4 meses e a Carminho 4 anos e 8 meses. Deixei de contar os meses há algum tempo mas achei curioso neste mês a mana mais crescida ter exatamente o dobro da idade da Nô.
São tão cúmplices e tão diferentes. A Carminho gosta de beijinhos suaves e colinho, a Leonor de olhares marotos e desafios.  Preenchem o meu coração de forma transcendente e fazem-me questionar tantas coisas. Todos os dias, sem exceção, penso que gostava de estar mais tempo com elas.

O que mais desejo para este ano é que tenhamos saúde, inteligência e vontade para ordenarmos tudo na nossa vida para o amor.

Um feliz ano novo a todos.

Bjo. A.


20 setembro, 2017

Bodas de Lã


A vida tem fluido e um conjunto de mini decisões se têm tomado.
 
Ontem, no dia em que celebrámos o aniversário de casamento foi nos dada a chave da nossa nova casa.
 
O início do que desejamos ser em tudo igual, mas com mais espaço para brincar, viver e criar memórias felizes.
 
Podíamos ter escolhido outra, com outras características, outra identidade. Não foi a única possibilidade, foi o resultado de uma decisão pensada que só o tempo nos dirá se foi acertada ou não.
 
Ontem, não resisti a ir mostrar a casa às meninas. A C entrou entusiasmada como que gostando mesmo antes de ver; a L entrou ao colo, demorou a sentir segurança mas ao fim de algum tempo, correu na sala a rir e a fazer tontices em jeito de aprovação.
 
Estamos em limpeza e pinturas – e assim estaremos nos próximos dias. Só não podemos ir a uma varanda que tem uma pomba e dois pombinhos acabados de nascer que ali se irão preparar para voar.
 
 
No dia de hoje, do outro lado do oceano, ocorre um sismo trágico onde estávamos a chegar há precisamente 7 anos.
Instala-se dentro de mim um vazio e uma gratidão que se ligam de forma inexplicável. Há coisas terríveis que acontecem e a única coisa que está ao nosso alcance é praticar o bem, ensinar, rezar e agradecer.