26 novembro, 2016

Escrevi a 24

Falta um mês para a noite mais bonita do ano.
Em termos conceptuais porque para cada um de nós pode ser ou não a noite mais bonita. Há vidas e momentos tão difíceis, de tanta angustia que infelizmente não será a noite mais bonita para todos.
Ainda assim, e com todas as reservas que as generalizações devem ter, acho a noite mais bonita do ano.
Já o tempo que antecede esta noite - sendo também um tempo mágico - nos últimos anos tem-se revestido (na minha opinião), de um consumo excessivo.

Quando era pequena, a minha mãe tinha uma lista interminável de presentes por comprar. Lembro-me de a ajudar a comprar, de os embrulhar, de irmos ao comércio local e de toda a alegria desses dias.
Com o tempo, deixou-se de trocar presentes entres os adultos e eu também fui amadurecendo a forma como vejo a troca de presentes. Os gastos que implicam, o real valor dos mesmos, a obrigação versus prazer de surpreender.
Durante muitos anos, este dia foi vivido entre o cansaço do trabalho que o antecedia e a alegria verdadeira de estarmos juntos. Pais, avós, tios, primas. Que boas recordações.

Voltando ao presente e ao que me fez começar a escrever, tenho várias coisas em mente para a época que se aproxima:

14 novembro, 2016

Finais de dia que nos marcam

Chamei a Carminho 2, 3 vezes para saber se a mana se estava a portar bem. Elas no quarto, a C com o tablet e a mana a brincar. Eu dividia-me em fazer o jantar, aquecer a sopa, preparar malas, ver se havia recados, andar de divisão em divisão para perceber se estava a correr tudo bem.
Há um período ao final da tarde muito exigente para mim. Vou buscá-las à creche, às vezes ainda tenho de passar pela mercearia ou pelo Talho, chegar a casa, os banhos, o jantar, as brincadeiras, o papá que só chega entre as 19 e as 20, o sono e as birras que ao final da tarde vêm para ficar. As duas a quererem miminhos, as duas a quererem tudo e a não quererem nada... e se há dias que correm bem muito (principalmente quando as envolvo e quando tudo está organizado de véspera) outros há que são um desafio.
Ontem (dia 10/11), quando chamei a Carminho e ela não me respondeu, fiquei alerta e fui ver o que se passava.
Fiquei perplexa. A Leonor brincava lindamente a desarrumar e a espalhar tudo e a Carminho olhava para o tablet com uma atenção imensa ao que via e a chorar silenciosamente. Com beicinho, com lágrimas a cair que pareciam não querer parar. Vi que estava a ver o Patati Patatá e precisei de alguns segundos para compreender o que estava a sentir.

De repente a Carminho diz-me numa explosão de choro que os papás adormeceram a menina e foram-se embora. Fiquei ali, a ver o vídeo e a tentar perceber o que lhe ia na cabeça. Vi, revi, expliquei o melhor que pude que era a menina que estava a sonhar com palhaços e tive a certeza que conheço muito bem a sensibilidade da minha filha. Revejo-me em cada sentimento, em cada gesto.
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Há coisas nas quais gostaria que fosses muito mais forte do que eu. Noutras fico com um orgulho imenso. Minha querida filha.

O vídeo era este.

08 novembro, 2016

Sim, é verdade. Gostava muito de ser vegetariana

Há largos anos que travo uma luta interior entre comer ou não comer animais.

Já estive um período curto sem comer carne nem peixe, percebi que estava a ser muito difícil e passei a comer peixe e depois aves. Mantive-me assim cerca de 5 anos. Quando engravidei e muito estranhamente apeteceu-me pão com fiambre. Nas duas gravidezes. Comecei a abrir excepções, comi vaca uma vez e francamente caiu-me muito mal e já comi enchidos e infelizmente caiu-me muito bem.
Ainda que possa acontecer, a vaca, o porco e o coelho são animais que depois de todo este processo não tenho gosto em comer.

As conversas que já tive sobre este tema são inúmeras e invariavelmente acabam com alguém a dizer-me que não vou mudar o mundo; que temos de comer (…), que os animais na selva também o fazem (…), que as plantas também são seres vivos (…), que não faz sentido comer uns e não comer outros (…). Tudo verdade.

Com os anos tenho aprendido que não pensamos todos da mesma forma (e ainda bem!) e há formas de tornar isto mais simples. Aprendi a defender-me com o ‘não aprecio’; ‘não me apetece’ ou a colocar mais acompanhantes no prato e menos carne. Aprendi que não tenho o direito de mudar as rotinas e as ementas dos meus pais e amigos pelas minhas preferências. Aprendi que há conversas que se poderão evitar ou se ter apenas com quem goste de filosofar sobre estes temas. Aprendi que o mais normal na sociedade atual é comer animais e que a mudança vai demorar a acontecer. Animais que sentem como os nossos cães e gatos mas que por infortúnio do destino, quis a sociedade que tivessem um fim diferente.
A inteligência do Homem tem conseguido feitos notáveis que tenho esperança que também chegue à industria alimentar..
Não vou mudar o mundo nem gosto de fundamentalismos. Cá em casa não se vai deixar de comer animais – até porque há quem não prescinda de um belo bife. Mas com muita humildade, paciência e pesquisa vou transmitir às minhas filhas aquilo que acho correto, sem apontares de dedo mas com um caminho lento e firme. Se Deus quiser, quando forem crescidas, poderão fazer escolhas mais leves e igualmente saborosas, sem o peso de só conhecerem pratos de carne e peixe (…).

07 novembro, 2016

Parque da Paz

A calma no meio da cidade - parte I
O caminho para os patos

A calma no meio da cidade - parte II

Os patos a quem damos o pão que sobra cá em casa

Os primeiros passos da Nô - com 14 meses [Outubro]

A Carminho a descobrir o que há pelo chão 

A calma no meio da cidade - Parte III