12 janeiro, 2017

Primeira semana de 2017

Procuro o bom no meio destes dias e encontro a serenidade, a doçura, o amor profundo, a relação entre mãe e filha que desejava que fosse para sempre com esta intensidade.
A bênção que é poder ficar em casa com um filho doente. Sim, escrevi mesmo isto e pensei como seriam os seus dias se não estivesse estado lá.
Certamente passariam bem, ela melhorava e tudo se passava de forma idêntica.
Na verdade, esta possibilidade de ficarmos em casa a dar assistência aos nossos filhos, em princípio sem consequências profissionais diretas, tem para mim muito valor.
Estive em casa com a Carminho 6 dias.
Ouvi-lhe a voz rouca, as palavras ditas de forma atabalhoada entre o nariz entupido, o mimo e a vontade de estar quieta, os pedidos de colo constantes, os abracinhos, as observações e as perguntas tão dela:

“Mãe, podes brincar um bocadinho com a mana para ela me deixar sossegada?”

A sesta era adiada mil vezes. Primeiro porque queria água. Depois porque queria um lenço. Depois a chucha. Depois tinha frio e queria mais roupa. Depois tinha o nariz a arder. Depois perguntava se não podia lhe dar mais xarope cor de laranja. Depois, afinal queria fazer xi-xi.

Num dos dias, à noite, perguntou-me:
"Mãe, onde está São José?"
"Está no céu" - disse-lhe sem perceber muito bem a pergunta.
Ela respondeu-me que não estava, que está no presépio. E de seguida: “Mentiste mãe?”

Tantas pequenas conversas que perdemos quando cada uma de nós está nos seus trabalhos.
A bênção que é poder ficar em casa com um filho doente ❤

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