08 fevereiro, 2017

É quando saimos da nossa zona de conforto que acontecem coisas

Há dias estive numa conferência com Laurinda Alves e agradeci cada minuto e toda a logística que implicou sair de casa, numa sexta-feira à noite, com chuva e muitas coisas por fazer.

Foi uma hora muito bem passada onde, partindo de experiências pessoais e de um sentido de humor sereno e envolvente, foram partilhadas algumas dicas de comportamento parental que embora sejam comummente aceites são como highlights no nosso dia.

Já não me recordo da totalidade nem sei se a ordem foi esta mas partilho algumas das ideias que retive e que achei úteis para incorporar nos nossos dias agitados em que nem sempre dá para olharmos com atenção para as consequências dos nossos movimentos.

✿ O telefone / tablet deve ser colocado de parte quando estamos em casa e apenas utilizado em situações estritamente necessárias. A comunicação entre pais e filhos faz-se de afectos e com atenção/dedicação. Quantas vezes não exageramos no uso das novas tecnologias?
A nossa casa deve estar aberta para os amigos dos nossos filhos. É em conversas entre eles e entre a nossa vontade de estar perto que podemos conhecer melhor as suas vidas e tê-los em maior segurança. Não é preciso ser uma casa grande nem tornar essa decisão dispendiosa. É preciso vontade de sermos confiáveis aos olhos dos nossos filhos e dos seus amigos.

Os filhos não se comparam (muito menos na presença deles). O que também se aplica quando os queremos motivar ... não devemos incentivá-los a fazer como faz o mano ou a mana...

O nosso exemplo é muitíssimo mais impactante do que os nossos conselhos.

No meu intimo ficaram exemplos cheios de generosidade como o esparguete à bolonhesa no dia em que os amigos iam almoçar à sua casa, as boleias, o resultado de sermos consistentes e a vontade de despertar os pais para esta sociedade que por tantos motivos exige que estejamos despertos.

Hoje o observador trouxe-me este artigo e recordei-me que faz-nos bem sair da nossa zona de conforto. Faz-nos bem dizer sim a propostas que tragam valor aos nossos dias.

Parece fácil demais? Só experimentando e vendo os resultados se percebe que é uma matemática infalível, tipo 2+2=4. Aprendi esta técnica de comunicação parental e confesso que tento cumpri-la, embora nem sempre seja fácil. Mais: aprendi com especialistas em matérias comportamentais que podemos até sublinhar estes pequenos gestos, acentuando o que pretendemos acentuar, que é a certeza de que nada nem ninguém é mais importante que os nossos filhos! Como? Dizendo expressamente e de forma que eles possam ouvir, qualquer coisa do tipo: “desculpe, mas agora tenho que desligar porque estou a chegar a casa e os meus filhos já estão à minha espera!”. 

É fácil conferir tudo isto na prática, especialmente se formos coerentes e consistentes neste pequeno-grande gesto e nos mantivermos fiéis à promessa de resistir a trocar prioridades. Posso garantir (através da minha experiência e de muitos outros pais, casados ou separados) que passado pouco tempo os filhos mais pequenos estão a fazer muito menos birras e os mais crescidos estão mais capazes de ter conversas que só temos quando há tempo e disponibilidade para as ter.

 

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