Há largos anos que travo uma
luta interior entre comer ou não comer animais.
Já estive um período curto sem
comer carne nem peixe, percebi que estava a ser muito difícil e passei a comer
peixe e depois aves. Mantive-me assim cerca de 5 anos. Quando engravidei e
muito estranhamente apeteceu-me pão com fiambre. Nas duas gravidezes. Comecei a
abrir excepções, comi vaca uma vez e francamente caiu-me muito mal e já comi
enchidos e infelizmente caiu-me muito bem.
Ainda que possa acontecer, a vaca, o porco e o
coelho são animais que depois de todo este processo não tenho gosto em comer.
As conversas que já tive sobre
este tema são inúmeras e invariavelmente acabam com alguém a dizer-me que não
vou mudar o mundo; que temos de comer (…), que os animais na selva também o
fazem (…), que as plantas também são seres vivos (…), que não faz sentido comer
uns e não comer outros (…). Tudo verdade.
Com os anos tenho aprendido
que não pensamos todos da mesma forma (e ainda bem!) e há formas de tornar isto mais
simples. Aprendi a
defender-me com o ‘não aprecio’; ‘não me apetece’ ou a colocar mais
acompanhantes no prato e menos carne. Aprendi que não tenho o direito de mudar
as rotinas e as ementas dos meus pais e amigos pelas minhas preferências. Aprendi
que há conversas que se poderão evitar ou se ter apenas com quem goste de
filosofar sobre estes temas. Aprendi que o mais normal na sociedade atual
é comer animais e que a mudança vai demorar a acontecer. Animais que sentem como os nossos cães e gatos mas que por infortúnio
do destino, quis a sociedade que tivessem um fim diferente.
A inteligência do Homem tem conseguido feitos notáveis que tenho esperança que também chegue à industria alimentar..
Não vou mudar o mundo nem gosto de fundamentalismos. Cá em
casa não se vai deixar de comer animais – até porque há quem não prescinda de um belo bife. Mas com muita humildade, paciência e pesquisa vou transmitir às minhas filhas aquilo que acho correto,
sem apontares de dedo mas com um caminho lento e firme. Se Deus quiser, quando
forem crescidas, poderão fazer escolhas mais leves e igualmente saborosas, sem o peso de só
conhecerem pratos de carne e peixe (…).
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