13 junho, 2016

125 anos dos Bombeiros de Cacilhas

Estávamos em Agosto. O mês que a Leonor escolheu para nascer.
Era hora de jantar e tudo aconteceu de forma impercetível. À mesa de jantar, todos perto uns dos outros: eu com a Leonor ao colo, a Carminho sentada numa cadeira das nossas e o pai por perto.

A Carminho estava a ajeitar-se na cadeira, com uma perna à chinês, a roupa fê-la escorregar, o pé prendeu e caiu para o lado, sem qualquer proteção. Penso neste momento e ainda hoje congelo por dentro. Estava ali ao lado a dar colo à Leonor e não consegui fazer nada. Foi um ápice.

Nos segundos seguintes, a Carminho ao colo do pai e cheia de sangue fez-me entrar em modo de sobrevivência e ter um discernimento que não sei onde fui buscar.

Peguei-lhe, tentei acalmá-la, coloquei-lhe uma fralda na testa que a tornou muito queixosa, cantei baixinho, embalei-a e liguei aos bombeiros com uma confiança imensa de que me ajudassem (o papá estava muitíssimo nervoso e o facto da Leonor ter poucos dias de vida não me davam muitas alternativas...).

Não me lembro se demoraram ou não. Lembro-me de os ter recebido na sala e de terem em minutos começado a tentar descontrair a Carminho. Fizeram-lhe um boneco com uma luva de silicone; um penso à Minnie e tentaram limpar a testa e estancar o sangue da forma que a Carminho permitiu...

Aquelas duas pessoas foram extraordinárias. Não me lembro dos seus nomes mas tenho bem presente a amabilidade com que nos trataram, o carinho, a disponibilidade e a forma como tão bem se colocaram no nosso lugar.

Não foi a primeira vez que os bombeiros “me salvaram”. Em todas as vezes superaram as expectativas. Em todas as vezes fiquei eternamente grata.



2 comentários:

Supimpona disse...

Em momentos de grande aflição como este, é tão bom encontrar pessoas assim :)
E o mais importante é ter ficado tudo bem e não ter passado de um susto!
Beijinhos

Ana disse...

Sem dúvida :-) Beijinhos