07 agosto, 2015

O momento mais esperado dos últimos meses

Esta gravidez foi vivida num ápice, com mais tranquilidade em relação a alguns temas, mais certezas em relação a outros. 
Uma das certezas era o desejo enorme de ter um parto normal. Preparei cuidadosamente tudo o que pude para em qualquer momento ter contrações mais fortes ou me poderem rebentar as águas... Quando soube que estava grávida, acautelei-me que a médica que me seguiu na primeira gravidez concordaria que tentássemos um parto 'normal' desde que não houvesse qualquer contra indicação clinica válida para o mesmo. Foi com esta expectativa que decorreram 9 meses, tendo feito inclusive um plano de parto para acautelar o meu desejo e opção por um parto normal, durante as férias da minha médica.
Estava com 40 semanas de gravidez e tudo a decorrer normalmente quando a médica observa que não quer que passem as 41 semanas de gravidez.
Porque tenho uma cesariana feita há dois anos e porque existia risco de ruptura intra-uterina marcámos cesariana para dia 5 de Agosto (com 41sem + 1d) se nada acontecesse de forma natural até lá. Eu tinha esperança que iria acontecer. Mesmo.
No dia 3 de Agosto, num regular CTG e posterior consulta, a médica diz-me que deveríamos fazer a cesariana nesse dia porque a minha tensão estava um pouco elevada (139, 89 - com risco de pre-eclâmpsia), porque a bebé não estava encaixada, eu tinha contrações e isso poderia ter impacto no útero sem no entanto ter efeito para o parto.

Tenho absolutamente presente a desilusão que senti naqueles minutos, o trajecto que fiz de regresso a casa, o trânsito que apanhei (e que agradeci - para me dar tempo de digerir tudo o que teria de fazer), os dois telefonemas que fiz e o olhar do meu pai antes de seguirmos para o hospital). Naquele momento, e mostrando eu estar o mais conformada possível, tive a certeza que ele saberia como eu me estava a sentir...
Depressa chegámos, o J. lanchou (eu tive de fazer as horas de jejum necessárias...), preparei-me com as indicações que me deram e às 21 e pouco seguimos para a sala de cirurgia. É uma sala fria, um ambiente que tenta ser o mais descontraída possível, uma equipa que se vê estar habituadíssima a todos os preceitos.
Na revista Pais e Filhos deste mês (parece que escrito para mim!), saiu um artigo sobre a humanização da cesariana e das práticas actuais no Hospital dos Lusíadas. Pude comprovar que houve pormenores que fizeram toda a diferença face à minha cesariana anterior: o Pediatra falou comigo e informou-me do que me iriam proporcionar em termos de contacto pós-nascimento (não sei se por indicação da minha médica, se por ser prática actual...). Assim, iriam baixar os panos para vermos a bebé sair da barriga e colocariam-na sobre o meu peito logo após o nascimento com um lençol aquecido por cima. Desprenderam-me um dos braços e pudemos abraçá-la e ficar ali naquele momento mágico enquanto terminavam a cirurgia. 
Tão perfeita, tão querida, tão serena. 
Naquele momento senti-me abençoada mais uma vez, uma realização plena, ainda que não tivesse sido como imaginava. Nos momentos seguintes e involuntariamente, pesa-me o facto de não ter existido outra opção. 
A noite foi difícil, o dia foi melhor, a segunda noite foi óptima. O segundo dia foi exigentíssimo porque a mana a foi visitar e fez um birra enorme quando a viu a mamar.
Ao final do segundo dia, e a meu pedido foi me dada alta. Cheguei a casa quase à meia noite, acompanhada pelos meus pais e pelo rebento. A primeira noite a 4 e a certeza que serão sempre o mais importante nas nossas vidas.


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